
Três conceitos são promovidos pelo Slow Food: o alimento deve ser bom, limpo e justo. O alimento bom é aquele que respeita a cultura alimentar local, que possui características históricas em seu preparo que se relacionam com a comunidade onde é consumido. O alimento limpo é aquele produzido de forma sustentável, agredindo da menor forma possível ao meio ambiente e com desperdício zero - ou o mais próximo de zero possível. O alimento justo é aquele que valoriza os pequenos produtores e os produtores locais, com o objetivo do encurtamento de cadeias - possibilitando que, com uma viagem mais curta entre produtor e consumidor esse alimento chegue com maior valor nutricional e mais saboroso.
Na prática, a organização atua criando áreas de proteção para frutos nativos que correm o risco de desaparecer, promovendo a criação de rotulagem que alerte sobre transgênicos e pesticidas, disseminando a ideia da educação para o consumo. As áreas de proteção de alimentos em perigo de desaparecer são chamadas fortalezas. Existem certa de 30 fortalezas, atualmente, em todo o planeta. Essas fortalezas são incentivadas a seguir com sua produção, com cuidados extensos que envolvem um zoneamento livre de pesticidas, o cuidado com o uso de fertilizantes naturais e a proteção das águas contra resíduos de transgênicos e pesticidas de áreas contíguas, entre outros.
O movimento agrupa pessoas preocupadas com o meio ambiente, com a alimentação e com os processos de produção de alimentos. Fomentando uma proximidade entre produtor e consumidor seus integrantes acreditam na construção de uma relação de consumo diferente, que dá valor a unicidade de cada produto consumido. Ao tomar conhecimento de todo o trabalho necessário para que aquele alimento chegue até a mesa o consumidor se torna coprodutor: estabelecendo laços de confiança, reconhecimento e consciência. O desperdício também acaba sendo minimizado com o fortalecimento dessas relações.

Segundo Roberto Da Matta, a comida é o alimento transformado pela cultura. O ato de escolha de cada indivíduo, a cada refeição, entre alimentos industrializados e naturais faz parte de um processo que envolve bem mais complexo do que um impulso. Essa relação - que tem inicio na infância - com o reconhecimento de sabores e saberes, forma o paladar e afeta essas escolhas.
Fontes: Manifesto Slow Food, Laura Rosano (Slow Food Uruguay) e Jussara Dutra (coordenadora do Festival Binacional de Enogastronomia e Produtos do Pampa).