[Palestra] A Gastronomia e a Defesa do Bioma Pampa


Durante a tarde de sábado (18), no Rivera Cassino Resort, em Rivera, Carlo Petrini, sociólogo italiano ministrou palestra com o tema “A Gastronomia e a Defesa do Bioma Pampa”. A memória e o afeto relacionados a alimentação e também seu impacto na cultura dos povos, na história, na economia e nos meios de produção também foram comentados pelo presidente do movimento Slow Food. O evento teve colaboração da Unipampa de Santana do Livramento. A palestra de Petrini foi antecedida pelos depoimentos de brasileiros e uruguaios de diversos convívios Slow Food.

Ubirajara Martins falou de seu trabalho com frutas nativas na Quinta Martins. "Carlo Petrini, fundador e dirigente do Slow Food, ratificou o que todos sentíamos: o Slow Food vive um grande momento no mundo todo e assume no Brasil fantástica expressão. Nesse contexto tive a honra de dirigir a palavra a brasileiros, uruguaios, argentinos e italianos que lotaram o auditório do hotel Casino de Rivera para falar do Bioma Pampa, das frutas nativas que cultivamos no sul gaúcho, e do trabalho da nossa Quinta Martins. Momento inesquecível de rico convívio e enorme aprendizado", relatou.


Bernardo Simões, facilitador do Slow Food na Região Sul, tratou da importância da ecogastronomia em sua fala. "A cultura dos povos transcende as fronteiras políticas que separam os estados e países, por isso estamos falando de Bioma Pampa. Como ativistas do movimento Slow Food acreditamos que a ecogastronomia pode unir realidades diferentes, com cozinheiros se abstendo do estrelato individual acreditando na valorização da cadeia gastronômica como um todo, valorizando do camponês ao consumidor consciente. Sem estas duas pontas da cadeia, de nada vale um cozinheiro estrelado. Esses são os princípios da nova gastronomia, partilhar e conviver com alegria e prazer", afirmou.


Natalia Bajsa, bióloga uruguaia, alertou para as ameaças ao Bioma Pampa. "El bioma pampa es un bien común de los países del Cono Sur y representa un recurso fundamental para la producción de alimentos. Actualmente se ve amenazado por los cambios en el uso del suelo hacia actividades agrícolas, forestales y mineras. Con formas alternativas de producción, cocina con productos locales, educación y promoción de políticas, Slow Food en Uruguay trabaja por la conservación de nuestros campos", relatou.

Felipe Amaral, biólogo brasileiro, alertou sobre a educação para o consumo. "O nosso consumo, que se reflete no que nos alimentamos, é um ato político. Escolher determinadas marcas ou produtos, formas de produção e o tamanho da cadeia envolvida, expressa nossa visão de mundo. É ai que estamos imprimindo o que definimos como valores éticos e morais", afirmou.

Fotos: Alan Gonçalves / Flash Food